terça-feira, 24 de abril de 2012

OS QUE CORREM PARA O FOGO!


Recentemente o incêndio ocorrido na base científica brasileira na Antártida chamou a atenção do país para um projeto desconhecido da maioria dos brasileiros e praticamente abandonado pelo poder público. Deixando de lado um pouco o que mais foi debatido sobre o ocorrido, que foi o desinteresse do governo por projetos de pesquisa científica em geral e a precariedade com que os pesquisadores trabalhavam na base, pretendo discorrer neste artigo sobre os motivos que levaram os dois militares, o primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos e o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo, vitimados no incêndio, a correrem em direção ao fogo, e não do fogo.

O fato transcorreu da seguinte forma: um incêndio iniciou-se entre os geradores de eletricidade da base e dali se alastrou para praticamente 70% das instalações, tomando proporções incontroláveis. O protocolo de segurança previa a tentativa de combate inicial ao fogo e a evacuação em caso de impossibilidade de contenção do mesmo.

Incêndios na Antártida, segundo especialistas, são de difícil controle por conta dos constantes ventos e do eventual congelamento da água. Mesmo diante da dimensão do incêndio e dos fatores supracitados, o testemunho de um dos sobreviventes era de que as palavras do subtenente eram: "vamos que vai dar, vamos que vai dar!”.

Foi feita uma rápida evacuação das instalações, com alguns reticentes se arvorando na tentativa de salvar alguns pertences pessoais, enquanto um pequeno grupo, contrariando a lógica da autopreservação, se organizava para tentar, em vão, debelar as chamas que consumiam o que pra eles era o patrimônio da União, e que lhes cabia defender com o sacrifício da própria vida.

Os dois militares, em seu derradeiro ato, lançaram-se em direção às labaredas na tentativa de acessar a casa de força da estação e desligar os quadros de energia, acreditando que com isso conteriam o incêndio, que até então demonstrava ser decorrente de problema elétrico. De lá não retornaram mais com vida!

O que os motivou? Que sentimento impulsiona homens a tal ato extremo de abnegação? O que conduz seres humanos comuns, com todos os seus temores e fragilidades, a arriscarem a própria vida por conta de um valor tão abstrato quanto o cumprimento do dever com a Pátria?

A triste constatação que chegamos é que tais valores não fazem mais tanto sentido para a geração do individualismo, a geração do "farinha pouca, meu pirão primeiro", a geração do mais esperto, da relativização do que é certo e do que é errado.

Nas escolas hoje, meus compatriotas, não se ensinam mais esses valores! Aulas de Educação Moral e Cívica hoje são demonizadas por terem sido instituídas durante o Regime Militar. Hino Nacional nas escolas? Muito raramente ... Patriotismo agora é sinônimo de caretice, démodé, direitismo no sentido pejorativo da palavra... O resultado está aí: muitos correndo do fogo e alguns poucos heróis correndo para o fogo!

Não sou nem um pouco utópico e muito menos generalista. Não existe o todo incorruptível em nenhuma instituição. A grande diferença está nos valores que as instituições cultuam, valores estes que, guardados zelosamente por seus integrantes de maior grau hierárquico, influenciam as novas gerações. Quando vejo, por exemplo, o ex-presidente Lula, que ocupou o mais alto grau hierárquico da República, disseminando valores que relativizam a moral e institucionalizam a mentira, dou graças ao bom Deus por pertencer as Forças Armadas, um dos últimos bastiões onde a honra ainda vale mais que a vantagem pessoal.

Pesquisas que são reeditadas anualmente apontam as Forças Armadas como a instituição que goza de maior grau de confiabilidade da população em geral, acima até mesmo da Igreja. Logicamente, se restringirmos o universo dos pesquisados aos intelectualóides da Zona Sul carioca, por exemplo, o resultado seria muito diferente. Talvez os Macunaímas pós-modernos elegessem a Rede Globo na cabeça! Ainda bem que o Brasil não é o Brasil dos teóricos de Copacabana! É o Brasil dos sertões, da Amazônia, dos cerrados e pampas, o Brasil que vê e sente a presença das Forças Armadas em seu dia-a-dia. Esse Brasil, que os iluminados pela fumaça de seus baseados desconhece e discrimina, confia nas Forças Armadas porque sabe e se identifica com os valores que se cultuam em suas fileiras.

Nas escolas militares se ensina que o coletivo vale mais que o individual. Ensina-se que os símbolos da pátria devem ser respeitados. Ensina-se que o patriotismo precede até mesmo a vida. Os que se desvirtuam são exemplarmente punidos ou expurgados. Não se institucionaliza o acordo, a maracutaia, o toma lá da cá.... O resultado disso? Baderna na Polícia Militar? Chamem os Fuzileiros Navais! Poder paralelo aterrorizando a cidade? Chamem o Exército!

Neste mês em que se comemora o Dia do Exército, muito me orgulha pertencer a essa distinta Instituição. Os valores que aprendi nas fileiras da caserna tento passar aos meus filhos, por entender serem de extrema relevância para sua formação moral e cívica. Parabéns aos integrantes do Exército Brasileiro e das Forças Armadas em geral. Parabéns a todos aqueles que, como os bravos heróis que sucumbiram na Antártida, correm para o fogo, e não do fogo!